sábado, setembro 21, 2013

O alquimista

Sempre tive preconceito com o Paulo Coelho, daqueles preconceitos que a gente não sabe de onde vem nem por que está ali. Com o tempo, parei com as críticas vazias e me agarrei à ideia de que só poderia criticá-lo quando tivesse finalmente lido algo seu. Esse dia chegou.


É claro que não falarei sobre toda a sua obra, que é bastante extensa, mas apenas sobre O Alquimista, que conta uma história muito bacana em um formato parecido com fábula. É a história de um pastor que vai atrás de sua Lenda Pessoal, de seus sonhos, de seu papel na vida. É uma narrativa com a qual posso e quero me identificar.

Parte das minhas leituras tenho feito com um olhar de escritor, buscando no estilo de cada texto pistas, ingredientes e técnicas para reproduzir na minha própria arte. O que me chamou atenção no jeito do Paulo Coelho escrever é a maneira como o texto se repete (sem necessariamente ficar cansativo). A cada três ou quatro páginas somos relembrados dos conceitos que ele vem apresentando, tal como se fosse uma aula e não um romance. Isso não é ruim, mas dá suporte aos argumentos de que trata-se de um livro de leitura fácil.

O que me deixa matutando é a seguinte questão: o que faz boa literatura? Já li alguém comentar que seria a potência de releitura, aquele texto que continua a nos afetar mesmo depois que lemos uma, duas, dez vezes. Se esse for um critério, O Alquimista não me sugere uma segunda leitura. Para falar a verdade, quase nada que não seja absurdamente complexo o faz. Talvez boa literatura seja aquele texto difícil, que exija mais do que poesia e interpretação, exija recriação, envolvimento profundo. Não sei.

Paulo Coelho explica tudo. Não há margem para interpretações outras, ele lança a questão e em seguida diz o que devemos entender daquilo. Talvez seja isso que o torna tão agradável: além de contar uma história que aquece nossos corações e esperanças, ainda o faz dizendo com todas as letras que essa é a intenção. Eu terminei a leitura dO Alquimista desejando buscar a minha Lenda Pessoal. É um livro que me afetou. Será que isso é suficiente para fazê-lo boa literatura?

Será que, no fim das contas, é importante discutir o que é boa ou má literatura?
Tenho certeza: se eu tivesse lido O Alquimista um ano atrás, teria odiado. Eu não tinha, à época, bagagem ou interesse pelas suas questões. É realmente complexa essa balança entre estilo (forma) e conteúdo (função?)...

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